María Corina Machado vence o Prêmio Nobel da Paz 2025 e se torna símbolo global da luta democrática
Oslo (Noruega) — A líder da oposição venezuelana, María Corina Machado, foi anunciada nesta sexta-feira (10) como a ganhadora do Prêmio Nobel da Paz de 2025, em reconhecimento à sua luta “persistente e pacífica pela restauração da democracia e dos direitos humanos na Venezuela”, segundo o Comitê Norueguês do Nobel.
O prêmio, no valor de 11 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 6,2 milhões), consolida Machado como uma das vozes mais influentes da resistência democrática na América Latina.
‘Um dos maiores exemplos de coragem civil da região’
Em comunicado oficial, o Comitê descreveu Machado como “uma das vozes mais corajosas da América Latina”, destacando sua capacidade de unir grupos opositores e mobilizar a sociedade venezuelana em torno de um mesmo objetivo: eleições livres e o restabelecimento do Estado de Direito.
“A democracia é uma condição prévia para a paz duradoura. Quando líderes autoritários tomam o poder, é essencial reconhecer os defensores da liberdade que resistem”, afirmou o Comitê.
Mesmo após ser impedida de concorrer nas eleições presidenciais de 2024 e enfrentar prisões, ameaças e censura, Machado decidiu permanecer na Venezuela. Hoje, vive escondida no país, sob risco constante, mas continua sendo um símbolo de esperança.
De engenheira a ícone da resistência
Engenheira de formação, María Corina Machado nasceu em 1967 e fundou o movimento Súmate, voltado à fiscalização eleitoral e à defesa do voto livre. Sua trajetória política a colocou em confronto direto com o regime de Nicolás Maduro, especialmente após as eleições de 2024, marcadas por denúncias de fraude.
A líder apoiou o candidato Edmundo González Urrutia, considerado vencedor pela oposição, mas cuja vitória foi negada pelo governo. Desde então, intensificou-se a perseguição a líderes democráticos no país.
‘Os instrumentos da democracia são também os da paz’
O Comitê ressaltou que Machado cumpre os critérios estabelecidos por Alfred Nobel: promover fraternidade entre nações, reduzir a militarização e trabalhar pela paz.
“Ela demonstrou que as ferramentas da democracia também são as ferramentas da paz. María Corina Machado personifica a esperança de um futuro em que os direitos fundamentais sejam protegidos e as vozes, ouvidas”, diz o texto.
Venezuela em crise
A Venezuela vive há anos uma das piores crises humanitárias e políticas do continente: mais de 8 milhões de pessoas deixaram o país, e a repressão estatal continua a silenciar opositores e jornalistas. O reconhecimento internacional a Machado reacende o debate sobre o futuro político venezuelano e o papel das lideranças democráticas no continente.
0 comentários