Os animais, entre eles a anta Pitica, foram transferidos para santuário em Minas Gerais após resgates marcados por acidentes e situações de risco em Mato Grosso
Cinco animais silvestres resgatados em Mato Grosso foram transferidos neste domingo (7) para o Santuário Onça Pintada, em Minas Gerais, instituição referência no acolhimento de espécies que não podem ser reinseridas na natureza. Entre eles, está Pitica, uma anta fêmea que perdeu a mãe em um atropelamento na BR-163, em Sinop, episódio que evidencia a grave ameaça dos acidentes em rodovias para a fauna brasileira.
O drama da Pitica e o impacto dos atropelamentos
Pitica foi encontrada ainda filhote, debilitada após a morte da mãe atingida por um veículo. Recebeu atendimento emergencial em clínica veterinária e passou meses em reabilitação até seguir para a Área de Soltura de Animais Silvestres (Asas), em Jangada. Agora, terá destino definitivo no santuário em Minas Gerais.
Segundo o Centro Brasileiro de Estudos em Ecologia de Estradas (CBEE/UFMS), atropelamentos matam cerca de 475 milhões de animais silvestres por ano no Brasil. Espécies de grande porte, como a anta, sofrem impacto direto na conservação — a espécie já é classificada como vulnerável à extinção — e representam também risco para motoristas em colisões de alta gravidade.
Outros resgates
Além de Pitica, outro macho de anta, chamado Waldinho, também foi resgatado ainda filhote em Nortelândia, após ser encontrado em estado crítico. Ele passou por tratamento no Hospital Veterinário da UFMT antes de ser transferido.
Completam o grupo duas maritacas-da-cabeça-azul, entregues ao Cetas de Lucas do Rio Verde por apresentarem dificuldade de voo, e um macaco-da-noite, que sobreviveu a um acidente de eletrocussão em Cuiabá que matou toda a sua família. Após longos períodos de tratamento, nenhum deles demonstrou condições de retorno ao habitat natural.
A operação de transferência
O transporte, que percorreu cerca de 1.700 quilômetros, foi realizado pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT) em parceria com a Companhia de Força Tática de Polícia Rodoviária (CFRP). Durante todo o trajeto, os animais foram monitorados pela veterinária Danny Moraes e pela bióloga Rebeca Marcos, garantindo segurança e bem-estar.
No Santuário Onça Pintada, em Minas Gerais, os cinco animais terão acesso a cuidados permanentes em recintos adaptados às suas necessidades. Para a Sema-MT, a medida garante não apenas a sobrevivência de indivíduos em situação de vulnerabilidade, mas também reforça planos nacionais de conservação.
A história de Pitica, vítima direta de atropelamento, reforça a urgência de políticas públicas de mitigação em rodovias, como passagens de fauna, cercas e sinalização adequada, capazes de reduzir mortes e preservar espécies ameaçadas.
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